Arautos d'El-Rei | Liberalismo e República: factores de demolição da Identidade e dos Valores Nacionais
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Rousseau

Liberalismo e República: factores de demolição da Identidade e dos Valores Nacionais

Já na época do Liberalismo, em 1836, um antecessor dos revolucionários republicanos propunha que o Castelo de Guimarães fosse arrasado e com as suas pedras se calcetassem as ruas da cidade!

É em República que as Nações se desmembram e ganham foros de países as suas províncias mais irrequietas. Isto se verificou há bem pouco tempo às nossas portas, durante a curta mas edificante vida da 2ª Repüblica Espanhola. A História Universal está cheia de ensinamentos a esse respeito. Ao invés, a Realeza unifica Nações desmembradas, corta as asas da veleidade a todos os separatismos e, fiel depositária do carácter nacional de um povo, ela é a melhor guarda das fronteiras no que elas significam em Terra e em Espirito. Sim, no que as frontefras significam em Espirito. Se da Política passarmos à  Literatura e à Arte, encontramos nelas os dois campos bern extremados: de um lado a Nação; do outro a anti-Nação. A República portuguesa, filha dilecta da Revolução Francesa, desnacionalizou a Literatura e serviu-se dela para desnacionalizar.

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Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um dos filósofos da Revolução Francesa e do Liberalismo, fundamentos das modernas Repúblicas e do Marxismo (Comunismo, Socialismo e Nacional-Socialismo). A República Portuguesa é filha dilecta dessa Revolução e em variadíssimos aspectos foi também muito parecida com a Revolução Comunista de 1917, na Rússia.

Foi no género histórico que mais se fez sentir a sua nefasta acção, ora ocultando, ora deturpando, para escrever a seu gosto uma “história” que servisse de propaganda contra a Realeza. Obra nefasta que começou corn o Liberalismo para atingir a suprema consagração oficial em 1910.
Mas foi talvez na Arte onde o espirito republicano deixou rnais vincada a sua cega paixão e o seu instinto destruidor. Já em 1836 um legítimo antecessor dos homens do 5 de Outubro, todo imbuído nas ideias democráticas da sua época, propunha que o Castelo de Guimarães fosse arrasado e com as suas pedras se calcetassem as ruas da cidade! E isto porque lhe constava que nele estiveram presos os seus correligionários liberais! (P. Ferreira Caldas – Guimarães).
Tudo o que lembrava a Monarquia sofreu fatalmente da sanha aniquiladora: brasões de armas partidos a picareta, castelos abandonados, mosteiros saqueados, igrejas incendiadas e até retratos a óleo esfaqueados ou furados à bala!
Assim se perdeu o património nacional e, para sempre, muitas preciosidades artísticas.

As Repúblicas, quando se proclamam, têm sempre um ar de retrocesso

Nas suas admiráveis “Cartas a um céptico sobre as formas de Governo” observa magistralmente José Maria Pemán: “Os ritos da proclamação de uma República são sempre negativos, de destruição: incêndios, revoltas, mortes. As Repúblicas, quando se proclamam, têm sempre um ar de retrocesso. de decadência, de derrocada. Há nelas sempre alguma coisa de brutal facilidade de tudo o que é destruir, tirar, desnudar, que em todas as circunstâncias são operacöes mais fáceis do que construir, pôr ou vestir.” E acrescenta penetrantemente: “Estas impressões vagas e indefiníveis não bastam para que se forme urn juízo, mas são sempre antecipações de grandes verdades ocultas que os raciocínios vêm a confirmar.”
A Familia, base real da Nação, viu-se postergada pelo Liberalismo e compelida a ceder o seu lugar à abstracção ideológica do indivíduo. Minada já nos seus profundos alicerces económicos pela extinção dos vínculos, sofreu com o advento do regime republicano o golpe mortal: a possibilidade facílima da sua dissolução legal pela Lei do Divórcio.
A Religião Católica, por sua vez, ouviu, pronunciada das cadeiras do Pretório, a sua sentença de morte, que seria cumprida, no máximo espaço de duas gerações. Ora ninguém pode contestar que a Nação portuguesa é, e foi sernpre, profundamente católica. A República, querendo suprimir a Religião foi contra a vontade do povo. Actuou anti-democraticamente, ela, que se intitulava democrática. Mostrou mais uma vez o seu carácter anti-nacional na ira com que atacou uma das feições mais características, uma das qualidades mais arreigadas da Nação portuguesa.

A desagregação de Portugal e da Monarquia começou a manifestar-se com o advento da Revolução Liberal, iniciada em 1820

Foi com o advento do Liberalismo que a Monarquia perdeu o seu sentido e foi desde essa data que começaram a manifestar-se os sintomas da desagregação desta desgraçada Pátria que deu outrora ao Mundo o mais completo exemplo de unidade.
Tudo se foi perdendo, tudo se foi estragando…
Diz-nos Eça de Queirós que Fradique, indignado, exclamou algures – “…desde o Constituicionalismo e o Parlamentarismo. Depois desses enxertos funestos no velho tronco lusitano, os frutos têm perdido sabor como os homens têm perdido o carácter…” (1). E noutra parte corrobora: – tendo abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI, que tão bem lhe ficava, este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna, mas sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio próprio, mandando vir modelos do estrangeiro — modelos de ideias, de calças, de costumes, de leis, de arte, de cozinha…” (2)
Testemunhos eloquentes e insuspeitos a que poderíamos acrescentar tantos outros, se por acaso fossem ainda necessários para provar que só a Monarquia Integral satisfaz este primeiro requisito de um bom governo: possuir carácter nacional.

A República moderna, “caldo de cultura” do Socialismo e do Comunismo, teve sempre um carácter anti-nacional e internacionalista

Seja qual for o aspecto pelo qual se encare a República, sempre lhe observamos, mais ou menos desenvolvido, o seu espírito anti-nacional e internacionalista, em contraposição ao princípio monárquico, que nâo deixa um só instante e em todas as circunstâncias, de acentuar os traços fisionómicos da Nação, sem contudo lhe deixar perder o justo e necessário sentido universalista. Assim, a República combate a Tradição amesquinhando e denegrindo de toda a forma a memória dos nossos Reis, atribuindo aos nossos navegadores o desvalioso acaso por guia dos seus Descobrimentos e dando à nossa colonização e conquista míseros aspectos de vil negócio.
É a Monarquia que defende o seu culto no exacto e vivo significado de “permanência na continuidade”, de “permanência no desenvolvimento”, porque a Tradição tem para nós o sentido dinâmico da História, do pretérito a dirigir a história do futuro. Tradição não é para nós só (e se o fosse já era muito!) o culto de uma herança secular que fez dos Lusitanos ou, talvez mais longe ainda, dos remotos pescadores de Mugem, uma das nações de mais vincada personalidade no Mundo: Portugal.
É mais ainda. É uma força propulsora que orienta e caracteriza o rumo do Futuro. Mas a Tradição Nacional é monárquicae a República, numa consequência lógica e fatal de doutrina e de actos conduz à divisão e ao aniquilamento das nações

Efígie da RepúblicaO símbolo da República é o busto inerte ou a imagem de uma mulher semi-despida que nunca existiu…

Por último, reparemos neste pormenor interessante e significativo: quem representa a nossa República?
À falta de melhor, um busto de barro ou de gesso, sem expressão, sem sentido e sem carácter, que por aí se exibe numa pobreza franciscana sem igual, sem tirar nem pôr, ao de quantas Repúblicas há por este mundo… Rídiculo símbolo para um País de guerreiros e navegadores, esse de uma mulher desconhecida com um barrete frígio na cabeça…
A Instituição Monárquica, quem a representa?
O mesmo que representa a Pátria: a figura viril de um Rei, descendente em linha recta de Dom Afonso Henriques e que tem atrás de si oito séculos de história que são Portugal. Até nos símbolos o contraste é perfeito! Um, a figura inanimada de uma muiher que nunca existiu ou, se viveu, foi na triste condição de modelo em “ateliers” de artistas… Outro, a pessoa viva de quem é, pela forte lei do sangue, o primeiro de entre todos os portugueses!

Mário Saraiva
in “Claro Dilema – Monarquia ou República”, Edições Gama, Lisboa, 1944, págs. 47-53. O título, subtítulos, imagens, legendas e destaques gráficos são da responsabilidade da nossa Redacção.

(1) Eça de Queirós – Correspondência de Fradique Mendes, 4ª edição, pág. 98.
(2) Eça de Queirós— Os Maias, 14ª edição, pág. 649.



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