Arautos d'El-Rei | Contra o aborto
1
post-template-default,single,single-post,postid-1,single-format-standard,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,vss_responsive_adv,qode-content-sidebar-responsive,qode-theme-ver-10.1.1,wpb-js-composer js-comp-ver-6.8.0,vc_responsive

Contra o aborto

Já toda a gente deve ter percebido que o principal objectivo do próximo referendo sobre o aborto, consiste em extorquir uma votação que dê a vitória ao “sim”. Como no referendo de 1998 o resultado foi “não”, agora é preciso repetir o sufrágio – tantas vezes quantas for necessário — até se conseguir arrancar o “sim” de que os políticos de esquerda (e não só!…) necessitam para poder legalizar a matança dos inocentes.

Nas “democracias” modernas é assim: quando o “povo soberano” não faz aquilo que os políticos querem, recorre-se à fraude, à manipulação, à repetição de referendos, ao bloqueio de sítios e blogs da Internet, à estratégia do desvio das atenções para os escândalos do futebol, etc.

Exagero? Fantasia? Então recorde-se, por exemplo, o caso da Dinamarca. Em 2 de Junho de 1992 o povo dinamarquês rejeitou em referendo o Tratado de Maastricht, porque não estava interessado em entrar para a União Europeia. Surpreendidos por esta reacção, com a qual não contavam, os políticos simplesmente decidiram marcar novo referendo para arrancar o “sim”. E foi o que fizeram. A 18 de Maio de 1993, (partindo do princípio que não foram defraudados) os dinamarqueses lá acabaram por aceitar o Tratado, embora com fraca maioria no referendo.

Cumpre lembrar, que nos 11 meses decorridos entre um referendo e outro, os detentores do poder empreenderam uma intensa campanha de “esclarecimento” que em verdade mais não foi do que uma subtil acção de propaganda para condicionar a liberdade de pensamento e de expressão.

Não haverá aqui qualquer coisa que faz lembrar certos regimes políticos do passado?…

Voltando ao caso de Portugal e da legalização do aborto, acaba se ser veiculada uma notícia que, em nosso entender, só vai contribuir para condicionar o resultado do referendo no sentido de extorquir o “sim” para esse tão almejado objectivo do regime socialista.

Com efeito, o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, “defendeu, na terça-feira, que, apesar da prática continuar a ser considerada pecado, não cabe à Igreja Católica fazer campanha activa contra o aborto, pois este não é um assunto religioso” (Diário Digital*, 27-09-2006).

Então é pecado mas “não cabe à Igreja fazer campanha activa” contra esse pecado?! É pecado mas “não é um assunto religioso”?! Se é pecado, é porque ofende a Deus e constitui uma violação dos preceitos da Religião, não podendo um católico omiti-lo em confissão. O próprio Cardeal Patriarca reconhece “que a doutrina da Igreja sobre esta matéria mantém-se inalterável, ou seja, completamente contra a despenalização do aborto e a favor da protecção da vida” (Diário de Notícias** 27-09-2006).

Tratando-se então de uma questão indiscutivelmente religiosa e moral, por que deve a hierarquia da Igreja “assumir um papel mais discreto” e renunciar à sua missão evangelizadora, deixando os fiéis mais vulneráveis à influência da propaganda laica e anti-cristã do regime socialista?

Sabendo como hoje em dia é extensa (e progressiva…) a ignorância da maioria da população em matéria de religião e moral ou de catequese e doutrina (talvez por longas décadas de omissão daqueles que deviam evangelizar…), não será, pelo contrário, ainda mais necessário o empenhamento activo dos pastores da Igreja, no sentido de protegerem o seu rebanho dos perigos que o ameaçam? Note-se que esses perigos surgem agora com todo o ímpeto de uma força de Estado, ou seja, eles são promovidos e agravados pelo próprio partido do Governo, apoiado pelos outros partidos de esquerda e até por elementos do PSD e do CDS/PP.

Em mais uma afirmação citada pelo Diário de Notícias — e em contradição com as afirmações acima transcritas — o Senhor Cardeal Patriarca diz ainda que a “Igreja Católica não é o outro lado da barricada”.

Se a Igreja não é o outro lado da barricada, então também não teria uma posição tão clara CONTRA o aborto! O que D. José Policarpo deveria dizer, para ressalvar a Santa Igreja, é que o Clero (afastando-se da Doutrina da Igreja), não quer posicionar-se no “outro lado da barricada”, ou seja, não quer atrapalhar a manobra que visa a legalização do aborto. Além disso, o Senhor Cardeal está a fomentar a hesitação no espírito dos fiéis católicos, em vez de os esclarecer. Ele próprio lamenta “a falta de esclarecimento e de informação da população”, vendo nisto um factor que pode contribuir para a vitória dos objectivos socialistas no referendo.

É curioso (e bem triste!) lembrar que já nas presidenciais de 2001 Sua Eminência favoreceu a causa socialista ao confidenciar “a destacado elemento do Partido Socialista, que o Dr. Sampaio não precisava de se cansar muito, durante a campanha eleitoral, porque já tinha garantida a sua reeleição” (Diário***, 11-01-2001).

Não haverá aqui também qualquer coisa que sugere uma espécie de nova união entre a Igreja e o Estado, ou melhor, uma cumplicidade entre membros do clero e regime socialista?…



Este site utiliza cookies para permitir uma melhor experiência por parte do utilizador. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Mais informação

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close