
10 Set Ceuta – A aventura pensada
Em 1385, Portugal, periférico e enfraquecido, ainda tinha de defender a sua independência nos campos de Aljubarrota.
Mas 30 anos depois, há exactamente seis séculos, foi possível construir – com armações e compras em segredo – uma armada de mais de 200 navios e 45 mil homens (os números variam, mas era enorme, se comparada, por exemplo, com os exércitos ingleses perfilados em Azincourt), e conquistar Ceuta [foto], uma das praças essenciais para o controlo do comércio entre o Atlântico e o Mediterrâneo.
Os 150 anos seguintes foram de expansão e apogeu. Tânger, Ksar Esseghir, Arzila, Graciosa, São João da Mamora, Azamor, Mazagão, Safi, Agoz, Mogador, S. Cruz do Cabo: algumas das praças-fortes conquistadas no Norte de África, que abriram caminho para o domínio dos mares, e para os avanços na direcção da Índia e Brasil.
Entretanto, Portugal desenvolvera as técnicas mais modernas do mundo. Era superior em cartografia, astronomia, geografia, matemáticas, geometria, comunicações, construção naval, artilharia, operações anfíbias, informações militares, engenharia, línguas, e tantos outros domínios.
E vencia armadas combinadas do Império otomano, dos sultanatos do Norte de África (incluindo o Egipto), do Médio Oriente e do subcontinente indiano, de Veneza e Ragusa (hoje Dubrovnik).
O esforçado exército de 1385, que derrotara a cavalaria castelhana e marcara o triunfo da guerra moderna contra o modo de combate feudal, não sabia o que vinha aí.
Mas veio.
Assim como, nos areais de Alcácer Kibir e em 1580, veio a queda depois da ascensão. E em 1640 a ressureição.
A vida dos povos não é uma linha recta.
Mas depende da sua rectidão e vontade.
Nuno Rogeiro, in Facebook, 21-8-2015