22 Jul Corpo na Áustria, coração na Hungria
No dia 16 de Julho, milhares de austríacos e de turistas juntaram-se no centro histórico de Viena para participar nas cerimónias fúnebres do Arquiduque Otto von Habsburg, filho e herdeiro de Carlos I, último Imperador da Áustria e último Rei da Hungria.
Falecido a 4 de Julho com 98 anos de idade, foi enterrado na cripta imperial de Viena, onde se encontra sepultada a maioria dos membros da Casa Imperial da Áustria, com todo o magnífico cerimonial associado à secular tradição do Império. De acordo com essa mesma tradição, o coração do Arquiduque foi levado para a Hungria, para ficar junto dos corações dos seus antepassados, numa abadia perto de Budapeste.
Otto von Habsburg nasceu em 1912, seis anos antes do colapso do império Austro-Húngaro, no final da Primeira Guerra Mundial. Em 1919, a Família Imperial teve que fugir da Áustria, passando os primeiros anos do exílio na ilha da Madeira, onde viveu com muitas dificuldades e privações. Durante quase 50 anos a república proibiu o Arquiduque Otto de regressar ao país, o que só se veio a verificar em 1966, sendo-lhe então finalmente concedido o passaporte austríaco.
O Herdeiro da Coroa Imperial foi um forte crítico dos nazis e da anexação da Áustria feita por Hitler em 1938 e também se empenhou activamente nos movimentos que conseguiram a queda do Muro de Berlim em 1989 e o consequente fim do domínio comunista nos países da Europa Oriental.
Possuidor de grande cultura e de rara preparação política e diplomática, foi eurodeputado pela Áustria durante duas décadas e uma respeitadíssima figura de referência na História e na Cultura europeias.
Sobre o Hino do Imperador (Kaiserhymne), cantado neste vídeo:
A música do Hino do Imperador foi originalmente escrita pelo célebre compositor austríaco Josef Haydn (1732-1809) para o Imperador Francisco II (1768-1835). Esta mesma melodia foi posteriormente adoptada pelos alemães, passando a constituir a música do seu Hino Nacional (Deutschlandlied).