13 Jul Manifesto da TFP da Nova Zelândia sobre a traição do Vaticano aos católicos chineses
Do nosso correspondente Raymond de Souza
Nova Zelândia – Sua Eminência o Cardeal Joseph Zen continua a fazer fortes críticas à política que o Vaticano mantém com a China comunista.

Cardeal Joseph Zen (Foto: Corpus Christi Watershed)
Zen, bispo emérito de Hong Kong [foto], tem sido um crítico atento do acordo provisório celebrado em 2018 entre o Vaticano e a República Popular da China. Diz ele que o acordo não foi divulgado publicamente e concede poderes deliberativos ao governo chinês na escolha de bispos, colocando em risco de perseguição os católicos da China.
«Se quiserem provar-me que o acordo recentemente assinado foi aprovado por Bento XVI, só têm que me mostrar o texto, que até agora fui impedido de ver.»
O Cardeal criticou esse acordo, chamando-o de «imoral» e «contrário à consciência católica». É «descaradamente maligno e imoral porque legitima uma igreja cismática!», acrescentou.
«Estamos a rumar em direcção à unidade da Igreja na China?», perguntou Zen. «Que tipo de unidade? Que tipo de Igreja?»
«Cada vez mais a Igreja está sob perseguição [na China]. A igreja está condenada à clandestinidade e a desaparecer. Porquê? Porque nem a Santa Sé nos ajuda. Os bispos mais velhos estão a morrer, havendo 30 bispos na Igreja clandestina e nenhum novo padre ordenado.»
«Mas esperamos que [os católicos chineses] possam manter a fé nas suas famílias o que equivale “regressar às catacumbas!”»
«Menores de 18 anos não são admitidos em igrejas e não lhes são permitidas quaisquer actividades religiosas. O Natal é proibido em todo o país. Até a Bíblia deve ser “retraduzida” em conformidade com a “ortodoxia” comunista. Agora vemos cada vez mais controlo sobre a Igreja, havendo realmente em toda ela uma lamentação universal. Eu não posso fazer nada. Não tenho voz no Vaticano, simplesmente nenhuma».
«Humanamente falando, é uma situação sem esperança para a Igreja Católica porque podemos sempre esperar que os comunistas a persigam e agora sem que [os católicos fiéis] recebam alguma ajuda do Vaticano. O Vaticano ajuda o governo, rendendo-se e entregando tudo nas suas mãos».
«O Cardeal Pietro Parolin é muito optimista sobre a chamada Ostpolitik, a política do compromisso. Mas isso não basta: eles querem a rendição completa, ou seja, a aceitação total do comunismo».
«[Nesse acordo] o Vaticano perdeu tudo e não conseguiu nada. Não entendo por que fizeram tal coisa. Mas Parolin, o Secretário de Estado, sabe muito bem quem são os comunistas: não há como negociar com eles, não se ganha nada».
«Eu sempre pergunto se podemos imaginar São José a negociar com Herodes para salvar o Menino Jesus? De maneira nenhuma! Herodes só queria matá-Lo.»
Numa entrevista telefónica ao vivo, que tivemos com o Cardinal Zen e com o historiador Edmund Mazza, na Rádio Virgin Most Powerful of California, notei com tristeza que o Cardeal Joseph Zen desabafou sobre a sua frustração e decepção com a política de distensão entre o Vaticano e o Partido Comunista da China.
Tive a oportunidade de perguntar especificamente ao Cardeal Zen como via ele essa política do Vaticano, ao que ele respondeu exclamativamente: «É uma entrega total! Um sell-out!»

Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi Professor Catedrático de História Moderna na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil), Fundador e Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP.
Não é a primeira vez que o Vaticano entrega a Igreja aos comunistas. Em 1975, em oposição à política de détente do Papa Paulo VI com os países comunistas da União Soviética, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira [foto], Fundador e Presidente da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP enviou à Santa Sé um manifesto expressando a resistência dos leigos católicos a essa traição.
O manifesto foi reproduzido em vários idiomas e países. Nele, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira proclamou o direito de os leigos resistirem às políticas erradas do Vaticano, por meio das quais os cristãos foram votados ao abandono e à opressão soviética. É evidente que tal política, manifestamente má, não está protegida pelo dogma da infalibilidade papal.
Assim como hoje o Papa Francisco não responde ao Cardeal Zen, também os ouvidos do Papa Paulo VI permaneceram surdos perante o clamor dos leigos da sua época. A vergonhosa política de détente entrou para a História como uma grande traição aos povos católicos na União Soviética, à semelhança do que acontece hoje com os chineses católicos, traídos pelo Vaticano neste pontificado de Francisco. O leitor interessado em consultar o manifesto, que lança muita luz sobre a situação actual da traição do Vaticano ao povo chinês, pode lê-lo aqui em português.
Esperemos e rezemos para que Nossa Senhora de Fátima intervenha em breve com o Seu Divino Filho e acabe com a vergonhosa política de traição, conforme Ela previu em 1917: «A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo», mas «Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará.»
13 de Julho de 2020 – Aniversário da 3ª aparição de Fátima, onde Nossa Senhora anunciou que a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo.
Raymond J. de Souza, KHS, KM
Executive Secretary of Tradition Family Property – TFP New Zealand