
31 Jan Ausência de princípios e ausência de vergonha: assim se expressou o regime
As eleições presidenciais [que elegeram Cavaco Silva], vieram ditar que a Abstenção foi superior a 53% do eleitorado.
Apenas cerca de 40% dos eleitores votaram expressamente nos candidatos à Presidência da República. Uma minoria do eleitorado que ainda acredita ou se resigna ao actual regime.
Inverteu-se totalmente o sentido da democracia… Foi uma minoria que impôs um Presidente a uma maioria que não foi motivada para essa eleição.
A democracia foi rejeitada porque a actual Constituição aceita como válida uma eleição nestas circunstâncias, ou seja, aceitará também uma eleição com muito menores níveis de participação… Aceita toda e qualquer ditadura.
O perdedor, clama em tom esfusiante a vitória. Ele obteve 23% dos votos e considera-se com suficiente legitimidade para o exercício do seu cargo, como mais alto signatário da Nação.
Espantosa derrota que é vitoriada… Um registo fúnebre que foi entendido como sinal de debilidade e que logo ocasionou, para os que entenderam esta incrível fraqueza, a produzir a desculpa inverosímil.
Anuncia-se num Jornal diário que o número de abstencionistas forçados é da ordem de 1.250.000 eleitores. Ou seja, representa cerca de 13% do eleitorado.
A todos estes, de acordo com o que se diz e não foi desmentido oficialmente, foi negado o direito de votar.
Não se repetem as eleições porque se considera que esse número de direitos sonegados não iria afectar a eleição do vencedor.
É incrível mas é verdade.
Nega-se o resultado oficial, nega-se o desprezo pela maioria dos portugueses, por conveniência de propaganda e simultaneamente valida-se a negação de direitos a muitos outros.
Dois delitos numa só eleição: a negação da democracia e a negação de direitos individuais.
Regime sem princípios e sem vergonha.
Mas um regime é feito por homens e quem aceita ser eleito nestas circunstâncias não merece outra consideração que aquela que o regime deu de si próprio.
José J. Lima Monteiro Andrade
27-01-2011