
13 Out 5 de Outubro: números, factos e motivos para rir
Sérgio H.Coimbra
DA PRÓXIMA, A CELEBRAR O 5/10, ANTES A CONFERÊNCIA DE ZAMORA (INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL, EM 1143)
Ontem foi dia de festa para republicanos. Começam a entrar em êxtase com “o centenário (um centenário em quase mil anos de História). Ante o foguetório previsível para 2010, convém acalmar a turba. Para já, lembrando que fica mal comemorar uma coisa que começou com o assassinato do Chefe de Estado. Mas vamos aos factos.
O regime democrático era mais democrático antes de1910. Um dos primeiros PR, que, antes de o ser, tinha a liberdade de chamar “ladrão” e coisas piores ao Rei, foi dos que decretou prisão para quem escrevesse uma linha contra o próprio depois de eleito. Ainda sobre democracia, lembremos que a assembleia eleita em 1911 tinha composição totalitária: 97% dos lugares eram do Partido Republicano. O novo sistema também deu instabilidade. Façamos contas: de 1910 a 1925 tivemos quase 50 primeiros-ministros, mais do que no resto da epopeia lusitana. Uma das consequências foi o rendimento per capita dos portugueses em 1920 ser metade do que era em 1860. Estava até abaixo dos valores de 1790! Outra mostra da fraqueza republicana foi o arrastamento para a Guerra Mundial, que nos trouxe acima de 8.000 mortos e de 13.000 feridos, isto é, mais funerais e feridos do que 15 anos de guerra ultramarina haveriam de fazer. Mais triste dos factos: graças ao exotismo republicano, i.e, instabilidade governatva e bancarrota das finanças públicas, Portugal haveria de seguir para meio século de ditadura. Portanto, da próxima vez, a celebrar o 5/10, celebremos antes a Conferência de Zamora de 1143 (deu independência a Portugal) ou, se quer rir com a república, o aniversário da primeira transmissão dos Monty Python na televisão.
in “Meia-Hora” (Editorial), 6-10-2008
Foto: António José de Almeida, 6º Presidente da República, era um adepto da ditadura, da supressão das liberdades e da perseguição religiosa para manter os republicanos no Poder.